Qualquer tipo de recomendação para se ter longevidade e saúde inclui uma alimentação equilibrada, a prática regular de atividade física, sono em dia e distância do estresse.
Hoje, porém, os especialistas acrescentam a essa lista banhos de sol diários. Nem muito extensos nem muito curtos: bastam 15 minutos para que os raios solares ativem no organismo a produção de vitamina D, uma substância capaz de fortalecer os ossos, deixar as defesas do organismo em alerta, preservar a atividade cerebral e garantir que o coração bata forte por anos a fio.
No entanto, a deficiência de vitamina D no organismo é mais comum do que se imagina. No mundo, cerca de 1 bilhão de pessoas apresenta níveis baixos de vitamina D. Um levantamento realizado no Brasil mostrou que 99,3% da população brasileira ingerem a vitamina D em níveis abaixo da recomendação.
A vitamina D pode proteger o corpo humano contra uma série de doenças ligadas a condições genéticas, incluindo câncer, diabete, artrite e esclerose múltipla, segundo uma pesquisa britânica recém-publicada. Os cientistas mapearam os pontos de interação entre essa vitamina e o DNA e identificaram mais de 200 genes influenciados pela substância.
Exposição ao sol
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Cerca de um bilhão de pessoas no mundo apresenta deficiência de vitamina D1. Um levantamento realizado no Brasil mostrou que 99,3% da população brasileira ingerem a vitamina D em níveis abaixo da recomendação. |
Quando foi descoberta, no início do século ado, a vitamina D só era vinculada à saúde dos ossos. Mas hoje os cientistas sabem que há receptores para essa molécula em mais de trinta áreas do corpo humano. E, quando a natureza cria receptores para determinada molécula, é sinal de que ela é realmente importante para a célula.
Com efeito, estudos comprovam que o fato de viver em uma área ensolarada a maior parte do ano nem sempre é suficiente para obter níveis adequados de vitamina D.
“As maiores quantidades de vitamina D são obtidas pela exposição da pele aos raios solares, mas há vários fatores que influenciam a capacidade de produção de vitamina D pela pele, como roupas que cobrem todo o corpo, envelhecimento e o fato de ficar muito tempo em locais fechados, entre outros”, explica a reumatologista Vera Szejnfeld.
Essa conclusão deu-se por meio de um estudo realizado pela Universidade de São Paulo. Para realizar essa pesquisa foi avaliada a prevalência de hipovitaminose D em voluntários saudáveis, com faixa etária entre 18 e 90 anos.
O estudo, que foi dividido em duas etapas, constatou que no final do inverno o índice de deficiência de vitamina D foi de 77,4% e na segunda, ao final do verão, caiu para 37%. Para os pesquisadores essa taxa foi considerada inesperada.
Osteoporose
Entre os idosos, a vitamina D se torna ainda mais fundamental. Isso porque a partir do avançar da idade os ossos tendem a se desmineralizar em um ritmo acelerado, aumentando o risco de osteoporose.
Outra consequência vem da perda de massa muscular, o que favorece a ocorrência de quedas e até de certa dificuldade de locomoção. “O problema é que nessa idade a pele tem uma menor capacidade de síntese da vitamina”, diz o geriatra Rodolfo Herberto Schneider.
Por isso, muitos especialistas recomendam doses mais elevadas da substância, prescrevendo, de acordo com o caso, até mesmo a suplementação, uma das formas de combater a deficiência.
Hoje, existem poucos alimentos que contêm esta vitamina naturalmente. Os óleos de alguns peixes como bacalhau, tubarão e ,atum têm a vitamina. Mas, para absorver a quantidade necessária, você teria de comer esses peixes e/ou seus óleos três vezes por semana.
O leite fortificado contém a vitamina D. Mas se precisaria beber de seis a oito copos de leite por dia para alcançar a quantidade necessária. Por isso, a luz do sol é a principal fonte.
Fatores que interferem na produção da vitamina D
As maiores quantidades de vitamina D são obtidas pela exposição da pele aos raios solares. Porém, vários fatores influenciam a capacidade de produção de vitamina D pela pele. Conheça alguns deles:
Uso de Protetor Solar – Calma, calma! Ninguém está desaconselhando o uso de filtro solar. Ao contrário. Mas, quando se trata de produção de vitamina D, o filtro absorve os raios UVA e UVB e reduz em 95% a capacidade da pele de produzir essa vitamina.
Na teoria, o ideal seria expor braços e pernas, sem protetor solar, por 5 a 30 minutos, entre 10h e 15h, duas vezes por semana, para buscar manter níveis adequados de vitamina D, dependendo da estação climática, latitude e pigmentação da pele. Porém, devido aos sérios danos que o sol pode causar à pele, a prática não é recomendada pela maioria dos médicos.
Cor da pele – A melanina, pigmento que dá cor à pele, funciona como um protetor solar natural, pois absorve os raios ultravioletas. Quanto mais escura for a pele de uma pessoa, maior será sua necessidade de exposição aos raios solares, para sintetizar a mesma quantidade de vitamina D que uma pessoa de pele clara.
Roupas – Para um melhor aproveitamento dos raios solares, é necessário que braços e pernas estejam expostos. Em países ensolarados, mas cuja a tradição impõe, o uso de roupas que cobrem quase todo o corpo, como Arábia Saudita, Catar, Emirados Árabes e Índia, a incidência de hipovitaminose D é extremamente comum.
Envelhecimento – Com o envelhecimento, a quantidade de 7-DHC presente na epiderme, substância fundamental para a produção da vitamina D, começa a diminuir. Assim, uma pessoa de 70 anos consegue sintetizar apenas 25% da quantidade dessa substância em comparação a uma pessoa de 20 anos de idade, com o mesmo tempo de exposição aos raios solares.
