Depois da alegria da Páscoa, chega a hora de lidar com os resíduos dos presentes, ovos, bombons e barras de chocolate. E é aí que mora uma grande pegadinha! Muita gente acredita que tudo que vem embrulhado em plástico ou papel é reciclável, mas a realidade pode ser bem diferente, e alguns itens acabam indo direto para o aterro.
Segundo os dados do último Diagnóstico de Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos no Brasil revelam que o Brasil gera mais de 80 milhões de toneladas de resíduos ao ano e recicla menos de 4% disso tudo.
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Dentre a imensa gama de resíduos gerados no nosso dia a dia, gostaria de destacar um dos grandes vilões dessa história, que é o BOPP (polipropileno biorientado). Sabe aquele plástico fininho e brilhante que embala muitos ovos de Páscoa, bombons e barras de chocolate? Pois é, apesar de ser reciclável, ele geralmente NÃO É RECICLADO nos sistemas de coleta seletiva convencionais.
A dificuldade está em sua composição, que muitas vezes inclui camadas de diferentes plásticos e metalização. Essa mistura de materiais torna complexo e caro o processo de separação e reciclagem e infelizmente, a maioria das infraestruturas de reciclagem no Brasil ainda não possui tecnologia para lidar eficientemente com esse tipo de embalagem.
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E o pior que não para apenas na época da Páscoa, pois esse tipo de material é facilmente encontrado nas embalagens de alimentos que fazem parte de nossa rotina. Biscoitos, sorvetes, salgadinhos, sachês e embalagens à vácuo são exemplos de produtos que frequentemente são embalados em BOPP.
Então, da próxima vez que desembrulharmos aquela embalagem brilhante, apesar da aparência glamurosa, saibamos que provavelmente não seguirá um final feliz no caminho da reciclagem.
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Então o que podemos fazer? Anotem as minhas dicas a seguir:
- 1) Informe-se sobre os tipos de embalagens e sua real reciclabilidade. Faça a melhor escolha dentro do leque de possibilidades que você tem.
- 2) Priorize produtos com embalagens mais simples e recicláveis sempre que possível.
- 3) Analise cada caso e perceba se realmente a embalagem (ou mais uma) é necessária.
Esse ano vi um ovo artesanal embrulhado lindamente por tecido que depois de aberto poderia ser utilizado como pano de prato. Outra ideia é colocar chocolate ou bombons em uma ecobag ou em um estojo de algodão.
- 3) Evite o exagero do produto enrolado num “plastiquinho”, fixado num papelão com armarrilhos, dentro de uma caixa de papelão com visor de plástico, sobre uma seda e fechado com tampa de papelão laminado com plástico. Tudo isso embalado em papel de presente (algumas vezes metalizado), amarrado com fitas ou fitilho e por fim dentro de uma sacola.
- 4) Explore formas criativas de reaproveitar as embalagens, como caixas de bombons e potes plásticos. Da caixa de bombom que tem aquela bandejinha unitária fiz um organizador de brincos e anéis dentro da gaveta.
- 5) Cobre por soluções das empresas fabricantes. Cobre por tecnologias e programas de logística reversa para embalagens complexas como o BOPP (a empresa Nestlé tinha um programa junto à Terracycle mas parou também, assim como a Scotch-Brite está parando nesse mês). Use e abuse do SAC (serviço de atendimento ao cliente) dessas empresas.
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