Cadê o leite e a carne que estavam no nosso prato? A inflação levou!

Há alguns meses, um colega de trabalho tem relatado que o crédito do cartão de alimentação não chega ao final do mês. Antes, segundo ele, terminava no dia 25, depois no dia 20 e, mais recentemente, não a da metade do mês. Tenho certeza que a experiência deste colega é a realidade de milhões de brasileiros. Afinal, a famosa inflação não para de crescer (mais de 12% acumulada no último ano), elevar os preços dos alimentos e corroer o orçamento das pessoas.

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Diante deste cenário, restam duas opções: usar o crédito do cartão alimentação até o meio do mês e depois aderir ao cartão de crédito, empurrando o pagamento para frente, como meu colega, ou mudar os hábitos de consumo. Muitos brasileiros já aderiram a segunda opção, como confirma o levantamento recente da empresa de inteligência de mercado Horus.

Com base na análise de 35 milhões de notas fiscais em todas as regiões do Brasil, a empresa identificou que as pessoas estão colocando menos leite longa vida, carne bovina e óleo no carrinho do supermercado. Essa situação era diferente no início de 2021, quando o consumo destes itens era maior.

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A explicação, mais uma vez, está na inflação. Na média, o preço do litro do leite longa vida saltou de R$ 4,29 em abril de 2021 para R$ 7,25 no mesmo mês deste ano. O óleo de cozinha fez o mesmo movimento, ou de R$ 9,60 para R$ 16,81, enquanto a carne bovina subiu de R$ 29,66 o quilo para R$ 31,47.

Essa mudança forçada de hábito tem consequências para além da questão financeira. Por exemplo, alguns nutricionistas acreditam que o leite é um alimento fundamental na alimentação do ser humano, principalmente das crianças. Ou seja, menos leite no carrinho do supermercado significa um número menor de pessoas ingerindo a bebida. Para piorar, os reflexos na saúde vão chegar nos próximos anos. Aliás, relembre aqui a coluna que trato sobre a situação do queijo, leite e outros derivados de leite que ficarão mais indigestos financeiramente.

Se as mudanças de hábitos são evidentes na cidade, no campo não é diferente. Os produtores rurais também têm enfrentado o aumento significativo de insumos fundamentais para a atividade dentro da porteira, como a ração, fertilizantes, agroquímicos e diesel. Para minimizar os impactos destas altas, que eleva o custo de produção e reduz as margens de lucro, agricultores e pecuaristas têm realizados compras coletivas. Afinal, com maior volume, é possível negociar preços com as indústrias.

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A inflação no campo gera desdobramentos indigestos, como a estagnação deste setor tão importante para economia brasileira. Afinal, a queda na rentabilidade também reduz os investimentos em maquinário e tecnologia. E, os resultados serão sentidos daqui alguns anos, com a diminuição da produtividade e da produção de alimentos. 

Mudanças de hábito não são de todo mal. Ao contrário, algumas fazem com que as pessoas adquiram costumes e práticas mais saudáveis e/ou modernas. O problema está em mudanças de hábitos forçadas, impostas, sem que a pessoa tenha podido escolher. É isso que a inflação tem feito com a rotina das pessoas no campo e cidade. E, os resultados, em boa parte nada agradáveis, estão chegando!

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