Sem bera, só malaco!

Foto: Felipe Rosa

O complexo, que abrigava o centro de distribuição de Curitiba, tem 20.252 metros quadrados, toma conta de um quarteirão e fica entre quatro ruas: além da Avenida Presidente Getúlio Vargas, também a Avenida Iguaçu, a Rua Rockfeller e a Rua João Negrão. Por ser uma região mais empresarial, pouca gente presencia o problema, mas alguns moradores procuraram a Tribuna do Paraná para dizer que a situação está cada vez pior.

Segundo quem vive na região, moradores de rua e, principalmente, usuários de drogas ocupam parte do complexo e trazem preocupação. “Tem uma parte do prédio, a que fica mais para os fundos, beirando à Avenida Iguaçu, que os seguranças nem vão mais, por orientação da própria empresa. Isso porque se tornou perigoso até pra eles, imagina pra gente, que a na rua?”, denunciou outra moradora que a todos os dias por ali.

Numa rápida agem pelo local, a reportagem encontrou portões fechados e dois seguranças no interior do complexo. Por medo de possíveis represálias, eles não quiseram dar detalhes do que veem diariamente, mas confirmaram que o prédio abandonado tem sido motivo de preocupação até mesmo para quem foi contratado para cuidar da vigilância.

Foto: Felipe Rosa
Foto: Felipe Rosa

Lá dentro, porém, até a água teria sido cortada para os seguranças, que também trabalham com a falta de limpeza nos banheiros, por exemplo. Todo o maquinário e também tudo o que poderia ser furtado pelos bandidos foi retirado do local por uma empresa terceirizada que foi contratada pela Ambev, então, os seguranças ficam sempre sozinhos. “Tá tudo sujo, porque o lixo não é mais recolhido. Quando trabalhei, já era ruim, agora então, a situação está pior ainda. Tenho dó dos seguranças”, contou um funcionário de uma das empresas terceirizadas que prestou serviço à Ambev.

Drogas e sexo

O funcionário disse à reportagem que, tanto de dia como também à noite, ficam dois seguranças no complexo para cuidar de tudo. “Eles precisam lidar com péssimas condições de trabalho, sem contar na própria insegurança, porque a todo o momento alguém invade o local. Quando estávamos lá, só tinham luz, por exemplo, porque o bar que fica ao lado fornece. Se não, trabalhariam no escuro”.

A reportagem apurou que as invasões são diárias e que até alguns flagrantes já foram registrados pelos seguranças. A Polícia Militar (PM) informou que tem ido ao local quando é acionada, mas os bandidos conseguem sempre fugir. A intenção de quem invade o local, além de se abrigar para usar drogas e até mesmo fazer programas sexuais, quase sempre é para buscar por algum material que possa ser furtado como fios de cobre, alumínio ou alguma coisa que possa ser vendida.

“Rolo” na Justiça

Foto: Divulgação
“Contrato de parceria da Ambev com o bar, que vai até 2027, permite uso o espaço”, diz advogada. Foto: Divulgação

A posse do terreno deve ser ada ao Governo do Paraná. O que tem, de certa forma, atrasado o processo é o contrato da própria Ambev com o Bar Brahma, que fica em uma área dentro do terreno. O bar, que foi instalado no local em 1999 justamente para ficar próximo à cervejaria Ambev, está ameaçado. Nos últimos meses, uma ordem de despejo, concedida pelo Tribunal de Justiça a pedido da própria Ambev, foi suspensa, mas o futuro do bar tradicional de Curitiba ainda não é certo. “Acontece que, indiferente de a cervejaria ter vendido o terreno ou não, existe um contrato de parceria da Ambev com o bar, que vai até 2027 e que permite usar o espaço”, explicou a advogada Marina Martynychen.

Segundo Marina, que representa o bar, a Ambev não procurou a empresa para discutir a questão. “Soubemos da situação quando chegou a notificação extrajudicial. A Ambev esvaziou a fábrica, tem que entregar o terreno para o Estado, mas nós estamos no local porque temos a posse. Foi um erro de planejamento da cervejaria, que concedeu a propriedade para dois nomes ao mesmo tempo”.

Enquanto nada é decidido, até mesmo o futuro dos 30 funcionários do bar é incerto. “Não foi feita nenhuma tentativa de acordo. Em 2012, quando a Ambev assinou com o governo do Paraná, ela não pensou. Temos o compromisso não só com os fornecedores, mas também com os 30 funcionários, que não podem ser demitidos de uma hora para a outra”, completou a advogada.

O que diz a Ambev?

Foto: Felipe Rosa
Foto: Felipe Rosa

A Tribuna do Paraná procurou a assessoria de imprensa da Ambev, que disse, em nota, que há cerca de dois anos tem tentado entregar o imóvel, que já possui destinação, como é publicamente conhecido. “Uma pequena parte do imóvel está ocupada, o que tem nos impedido de resolver a situação. Estamos prontos para entregar o imóvel e esperamos resolver essa questão o quanto antes”, finalizou a empresa.

O governo do Paraná informou que ainda espera pela transferência de posse do imóvel. Só assim que o futuro do espaço, que antes abrigava a Ambev, vai poder ser discutido e os projetos levados adiante. Até foi iniciado um projeto do que fazer com o prédio, mas tudo depende da liberação das pendências judiciais.

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