Transtorno

Chuva, medo e prejuízo no Santa Quitéria: moradores culpam obras da prefeitura

Foto: reprodução / vídeos.

Desespero, correria, medo e prejuízo. Moradores e comerciantes no bairro Santa Quitéria, em Curitiba, tiveram uma tarde agonizante na segunda-feira (03) com a chuva. A rua Júlio Eduardo Gineste com a Coronel Airton Plaisant virou praticamente um rio, e por estar em obras, a comunidade culpou a prefeitura pela falta de pontos de escoamento da água.

De acordo com o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), entre 14 horas e 16 horas o acumulado de chuva em Curitiba era de 23,4 milímetros (mm). No Santa Quitéria, o “aguaceiro” durou aproximadamente 15 minutos, tempo suficiente para alagar ruas e causar transtornos em residências e no comércio.

Ana Claudia Abreu, do Bistrô Armazém, e moradora da Júlio Eduardo Gineste, teve duplo prejuízo. A casa e o comércio foram invadidos pela água que entrou sem pedir licença.

“Em 60 anos, nunca entrou água”

Ana Claudia comentou com a reportagem da Tribuna que foi a primeira vez que a família dela viu um volume tão grande de água. “Foi feia a coisa, um absurdo. É tudo culpa da obra, meu marido nasceu aqui, mora há 60 anos, e nunca entrou água”, comentou.

Os prejuízos ainda estão sendo calculados. “Em casa, a máquina de lavar roupa parou debaixo d´água, tombou geladeira, perdi armários e o estrado do meu colchão.  O quarto da minha mãe ficou todo mofado e o piso está estufando. No Bistrô, só deu tempo de fechar a porta de vidro, mas a água entrou pelo deck. Isso desestrutura tudo, tive crise de choro e lembrei de pessoas que perdem familiares. Não tem o que fazer, é desesperador. É um descaso total, a prefeitura não liga”, disse Ana.

Retirada de cachorros de clínica e atraso na produção

O veterinário Alisson Giacomeli, e um dos sócios da clínica Vets, teve que usar a calma de um profissional acostumado a pressão para lidar com a chuva. Ao perceber que a água invadia o comércio, a primeira ação foi pensar nos animais que estavam no local, inclusive três deles que iriam ar por cirurgia.

“A clínica é um nível abaixo da rua e toda água veio com tudo. Estávamos com animais internados que precisavam de cirurgia e tivemos que cancelar e encaminhá-los para os outros lugares. Além do prejuízo material, fomos afetados com essa questão envolvendo vidas. A prefeitura abre os buracos e vazam, nós ficamos com o problema”, reforçou Alisson.

Outra pessoa que sofreu com a chuva foi a Camila Martins de Oliveira, personal chef. Ela cozinha e faz entregas de marmitas fitness, mas atrasou os pedidos diante da quantidade de água que invadiu a residência. “Estragou todo o piso, a mesa, o jardim que eu tinha acabado de fazer e prejudicou toda a minha produção e entrega das marmitas. Entrou água até a cozinha, salas, banheiro, em tudo”, relatou Camila.

Prefeitura diz que alagamento foi provocado pelo grande volume de chuva

Em nota, a Prefeitura de Curitiba disse que o alagamento ocorrido na última segunda-feira (03) na Rua Júlio Eduardo Gineste, no Santa Quitéria, não teve relação com as obras de requalificação da via em andamento, mas sim com o volume atípico de chuvas.

“De acordo com a Estação Meteorológica da Defesa Civil, no Pinheirinho, foram registrados 40,8 mm de chuva em apenas uma hora. Pela média histórica registrada pelo Simepar, esse é o volume esperado para oito dias”, defendeu a prefeitura.

A prefeitura informou que as chuvas causaram alagamentos pontuais que se dissiparam rapidamente, “demonstrando a resposta do sistema de drenagem da cidade”.

As obras na região, segundo a prefeitura, seguem os estudos hidrológicos do IPPUC e contemplam o projeto de drenagem da via. “Para minimizar impactos, a Prefeitura, está realizando junto à empresa executora das obras, inspeção em todos os dispositivos de drenagem (galerias, bocas de Lobo, caixas de ligação e picos de visita) para detectar se há algum tipo de obstrução nas redes e tomar as devidas providências para desobstrução”.

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