Com mais de 30 mil seguidores nas redes sociais, o “Vendedor Corajoso” aborda diariamente motoristas que param nos semáforos de Curitiba para vender doces caseiros. “R$ 100 mil em 100 dias” é a meta ambiciosa do curitibano Patrick Farago, criador da página. “Quero ser empresário, porém tudo tem um começo” é a frase que os compradores leem antes de Patrick apresentar os produtos do dia. “O brigadeiro é um detalhe. Eu vendo minha causa”, resume.
O projeto, que ele compartilha nas redes sociais, é também um desafio pessoal. “Para vender cem caixas de brigadeiro na rua, é preciso conversar com 500 pessoas em um único dia. É muita gente. Então, de tanto procurar respostas e não encontrar, decidi: vou ser o vendedor corajoso. Vou enfrentar essa insegurança [de abordar pessoas na rua] e desenvolver uma metodologia que ajude outros a superarem esse medo”, explica.
Aos 25 anos, Patrick circula por bairros como Água Verde, Mossunguê, Cabral e Seminário em busca de clientes e de investidores dispostos a acreditar em seu sonho. Em dias ideais, começa às 9h e segue até às 18h nas ruas, mas a jornada depende da velocidade com que os produtos se esgotam. Assista ao depoimento do jovem:
Quando a necessidade ensina
O sonho de Patrick sempre foi empreender no ramo de vestuário. No entanto, aos 21 anos, tornou-se empreendedor por necessidade, para quitar um empréstimo bancário. Pouco após a morte da mãe, durante a pandemia de covid-19, o padrasto pediu para que ele comprasse a parte dele no imóvel onde viviam.
As peças de roupa destinadas à futura loja começaram a ser vendidas precocemente para gerar renda extra. Com o apoio da irmã, produziu as primeiras 70 unidades dos doces. No primeiro dia, ele vendeu três e, no segundo, 12. Sem compradores nos dias seguintes, precisou descartar os produtos. “Tinha dias que eu vendia e outros que não. Tinha dias que eu vendia uma quantidade, mas não batia a minha meta, e isso começou a se repetir”, relembra.

Dois anos depois, voltou à venda nas ruas com outro olhar. Determinado a acertar, procurou mentores. Com Wesley Nascimento (@odestravaruas) – empreendedor em São Paulo, ou uma semana na capital paulista estudando técnicas de abordagem e desenvolvimento pessoal. Ao retornar a Curitiba, pediu demissão e ou a se dedicar integralmente às vendas. “Na segunda semana, já estava faturando o que tinha projetado só para o terceiro mês.”
Além dos semáforos: o fortalecimento nas redes sociais
A coragem, que dá nome ao perfil de Patrick no Instagram, é também uma habilidade adquirida. Para contar sua história nas redes, precisou vencer mais um obstáculo: o medo do julgamento. “Sempre soube que queria ser um comunicador, mas no ambiente em que cresci, ninguém ia me apoiar, só criticar.” O foco no projeto e o e dos mentores falaram mais alto do que o receio das críticas.




Foi nas redes sociais que Patrick encontrou espaço para unir propósito e vocação. Além de vendedor, atua hoje como mentor. Junto de Wesley, criou um clube de vendas on-line onde compartilha experiências, orientações e técnicas com quem deseja começar a vender nas ruas.
O antigo desejo de abrir uma loja de roupas masculinas ainda permanece como um objetivo pessoal. Agora, o propósito vai além. Mesmo que não alcance os R$ 100 mil, Patrick tem clareza de que já cumpriu o mais importante: inspirar outros por meio da própria trajetória. Para ele, o Vendedor Corajoso é um incentivo para que outros possam correr atrás de sonhos. “Foi o que fiz com a minha vida”, conclui Patrick.
