No último domingo (21), uma novidade na Feira do Largo da Ordem, no Centro Histórico de Curitiba, chamou a atenção das pessoas que estão acostumadas a curtir o espaço mais democrático da região. Duzentas novas barracas desenvolvidas pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC) foram utilizadas pelos artesãos. A ideia da prefeitura é valorizar os produtos e oferecer mais conforto e segurança aos feirantes e clientes. No entanto, nem tudo agradou. Segundo artesão ouvidos pela Tribuna o novo modelo prejudica o trabalho, sem contar que algumas das novas barracas chegaram enferrujadas e com furos.

No site da prefeitura, informa-se que novas barracas estão sendo implantadas aos poucos para que todas as 800 unidades que compõem a feira sejam substituídas até o fim de março, quando está prevista a entrega da última barraca licitada. No último domingo 200 foram instaladas. Ainda no portal, a presidente do Instituto Municipal de Turismo, Tatiana Turra, reforçou que o serviço está sendo feito em etapas para melhor adaptação dos artesãos.

“O momento é de transição dentro de uma importante transformação que estamos promovendo na dinâmica da feira, liberando os artesãos das obrigações ligadas à montagem das barracas e permitindo que se concentrem exclusivamente em suas criações”,  disse Tatiana.

Em dezembro do ano ado, dá para dizer que alguns testes foram feitos. Foram instaladas 30 barracas no trecho da Rua Dr. Muricy, onde ficam os artesãos das feiras de bairros e que fazem rodízio na Feirinha do Largo aos domingos. Na oportunidade, a prefeitura noticiou que feirantes estavam contentes com o novo modelo. Porém, isso não é unanimidade e muitos feirantes reclamam do novo modelo.

“Suja, enferrujada e pouco útil”

Apesar dos elogios, outros feirantes não tem a mesma opinião. Fabiane Miranda de Oliveira, artesã e há cinco anos no Largo da Ordem, recebeu uma barraca com problemas. Furada, enferrujada e esgarçada. Além disso, na opinião da artesã, o modelo não é o melhor para quem transporta itens para uma feira.

“Essa barraca não atende da forma que queremos. A antiga estava feia, suja, estragada, mas era perfeita para atender. Ela era em forma de L, tinha espaço na parte de baixo para deixarmos nossos materiais e essa nova não tem isso. É uma mesa grande, mas temos que colocar as caixas no chão. Eu fico na Mateus Leme, e quando chove, ali os bueiros entopem. Vai molhar tudo, pois não tem onde colocar. E pior, já feio enferrujada e com furos”, reclamou Fabiane.

Detalhes mostram as barracas com a lona danificada e partes enferrujadas. Foto: Colaboração.

Outra questão que incomodou a artesã foi o telhado da barraca. Segundo ela, quando chover, a água vai molhar o vizinho devido a falta de proteção frontal ou mesmo lateral. “O telhado da barraca anterior era inclinada para trás, e quando chovia a água caia para o fundo. Essa daí vai molhar o vizinho e dependendo do vento, vai cair nos produtos. Foi colocado uma cortina somente na parte traseira, fora que a cada feira, uma barraca diferente vai ser entregue ao feirante, ela não é numerada. Na minha opinião, se reformassem as antigas que estavam feias, seria útil. Não iria se gastar tanto dinheiro, mas o prefeito queria muito”, completou a vendedora de amigurumi.

“Muito triste ver a forma que os artesãos estão sendo tratados”

A perspectiva de quem ainda não recebeu a nova barraca não é muito positiva. Um artesã que pediu para não ter o nome divulgado, informou que a alteração mesmo que discutida várias vezes em encontros foi imposta pela prefeitura.

“Muito triste ver a forma que os artesãos estão sendo tratados. Te contaram como foi feita a comunicação da mudança no domingo ado? Comunicado na sexta-feira, final de tarde, que as barracas seriam substituídas no domingo e que não deveriam montar suas barracas próprias ou pedir para o montador antigo. Artesão é guerreiro, e por precisar da feira como ganha pão, foi e se instalou porque precisa trabalhar. Infelizmente estão tendo que aceitar por falta de opção”, lamentou a feirante.

A discussão entre o novo modelo de barraca começou em 2021, quando o Ippuc apresentou o protótipo pela primeira vez. Ele foi feito com base em uma gravura do pintor francês Jean-Baptiste Debret, de 1835, que retrata vendedores de carvão e de milho. Os feirantes articularam uma reunião interna para organizar um pedido de um novo modelo, que rendeu um abaixo-assinado com 345 s.

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