Alguém pode imaginar que o fato de a polícia ter identificado e encontrado o assassino da menina Rachel Genofre, encontrada em uma mala na Rodoviária de Curitiba em 2008, desata o nó que permaneceu na família durante os quase 11 anos que o crime permaneceu sem solução. É possível achar também que o fato de Carlos Eduardo dos Santos, de 54 anos, acusado pelo crime, estar preso, traz algum senso de justiça aos pais da menina. Não é a impressão que se tem quando o pai de Rachel, Michael Genofre, fala do caso.
Em entrevista na noite dessa sexta-feira (20), o patriarca da família conteve a emoção, mas abriu o coração sobre o tempo em que o assassinato da filha ficou ‘no ar’, sobre as várias distrações que foram criadas nesse período e também sobre o alívio e o pesar que sente após saber do esclarecimento do homicídio. “ou todo um filme na cabeça”, resumiu.
Quem pensa que a descoberta ajudou a aliviar o sentimento de injustiça que ele sente sobre o caso, se engana. “A gente relembra tudo, quem foi reconhecer o corpo fui eu, essas imagens voltam muito fortes. Dormir fica mais difícil. A gente está aliviado, porque sabe que vai ter um desfecho, mas ao mesmo tempo não vai trazer minha filha de volta”, contou Michael.
Nem o fato do acusado estar preso no interior de São Paulo, cumprindo sentença de 22 anos por estelionato, ajuda a aliviar a dor dos pais. “Não porque não é o crime que ele cometeu com ela, ele não paga por isso. Ainda!”.
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Mesmo sendo o assassinato da própria filha, que tinha 9 anos quando foi encontrada na Rodoviária de Curitiba, Michael não teve nenhum o ‘antecipado’ ao que foi descoberto pelas autoridades. De fato, ele ficou sabendo de tudo ao mesmo tempo em que a cúpula da Polícia Civil do Paraná revelava a identidade do assassino e como havia chegado ao homem à imprensa. “A polícia entrou em contato com a mãe dela, avisando da reviravolta, mas não disse o que era. Só fui saber na coletiva”, destacou.
Para Michael, saber que o crime tinha sido elucidado trouxe alívio, mas também reacendeu a vontade dos familiares de que o homem responda pelo que fez com Rachel. “Eu fiquei sem chão. Pensei, que bom resolver, temos um nome, vamos ter um rosto e agora podemos fazer justiça. Mas hoje ele esta preso por outro crime”, relembrou.
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Cortaram um dobrado
Ficar sem saber se teria uma solução para a morte da filha por mais de uma década não foi fácil para Michael, tampouco para os familiares mais próximos. Assim, ele aproveitou para relembrar o que viveu, e também para agradecer todas as formas de incentivo que recebeu ao longo dos anos. “Têm fé, apoio de amigos e familiares, muita gente na cidade se manifestou. A mãe assumiu quando eu estava mais sem força, ai quando ela estava mais pra baixo a gente reergueu de novo. É uma batalha por dia. Quando a gente estava quase perdendo a fé, sempre tinha alguém para insistir, para tocar”.
Genofre aproveita para destacar o papel que a mãe da menina, Maria Cristina Lobo, teve no caso. De acordo com ele, a luta da mulher ajudou a manter a ‘memória’ de Rachel viva. “Ouso dizer que a mãe dela foi mais valente que eu, de não deixar esquecer, de estar o tempo todo lutando”, frisou, enaltecendo também o envolvimento dos curitibanos com o caso. “A população curitibana está envolvida, ela se emocionou com o caso da minha filha”.
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Tocando em frente
Nesse novo ‘capítulo’ da história, Michael espera que a justiça seja feita. “Agora começa um novo momento, fazer com que a justiça encaminhe o mais rápido. A gente só vai sossegar quando ele estiver cumprindo pena pelo crime que cometeu contra minha filha, com todos os agravantes. A gente não vai desistir”, contou.
Genofre espera um dia se ‘ver livre’ dessa assombração, para poder relembrar a imagem de Rachel como era antes do crime. “Minha filha era carinhosa, inteligente, atenciosa. É disso que a gente quer lembrar”, resumiu.
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