Litoral do Paraná

Construção da Ponte de Guaratuba guarda diversas curiosidades; conheça!

Construção da Ponte de Guaratuba
Em obras desde 2023, Ponte de Guaratuba tem várias curiosidades. Foto: DER-PR

Em construção desde 2023, a Ponte de Guaratuba, no litoral do Paraná, tem gerado expectativa para os paranaenses. A obra, prevista para ser entregue em abril de 2026, possui algumas curiosidades, como o uso de gelo. Até agora, 230 toneladas de gelo foram utilizadas no canteiro de obras em cerca de um ano de movimentação intensa na baía. Isso acontece para a concretagem dos blocos de coroamento da ponte, dentro de uma estratégia de engenharia do Consórcio Nova Ponte, responsável pela construção. A obra também já utilizou mais de 2 mil toneladas de aço e 13.150 metros cúbicos de concreto.

A obra da ponte também envolve o monitoramento de 10 mil animais, com o objetivo de garantir a preservação do ecossistema local. Algumas descobertas am por tartarugas e sapos raros, aparecimento de botos e milhares de aves de diferentes espécies.

Essas são apenas algumas das curiosidades da construção da ponte, cuja extensão de 1.244 metros está ganhando forma sobre o mar na Baía de Guaratuba. Iniciada em outubro de 2023, a previsão é de que a ponte fique pronta daqui pouco mais de um ano, em abril de 2026. Em fevereiro, a estrutura alcançou a marca de 44,2% de execução.

A bióloga do Consórcio Supervisor Ponte de Guaratuba, Aline Prado, acrescenta que a diversidade de espécies na região de Guaratuba é o que mais chama a atenção da equipe de monitoramento ambiental até o momento. “Cada monitoramento é uma surpresa, pois sempre registramos alguma espécie que ainda não havíamos observado. Além disso estamos verificando um número significativo de guarás, que até pouco tempo sofreu um declínio populacional. Ter a oportunidade de ver dezenas de animais e até revoadas é incrível do ponto de vista da conservação”, declara.

Curiosidades sobre a construção da Ponte de Guaratuba

Gelo na Ponte de Guaratuba?

No período de novembro de 2024 a janeiro de 2025, uma técnica chamou a atenção no canteiro de obras: o uso de gelo na concretagem dos blocos de coroamento da ponte. Foram utilizados, até o momento, cerca de 100 quilos de gelo para cada metro cúbico de concreto, totalizando aproximadamente 230 toneladas de gelo na concretagem, de acordo com o levantamento do Consórcio Supervisor Ponte de Guaratuba. Isso dá, mais ou menos, 230 mil sacos de 10 kg de gelo de mercado.

Uso de gelo na construção. Foto: Consórcio Supervisor Ponte de Guaratuba

Segundo a equipe de engenharia da obra, essa técnica, comum em grandes intervenções, tem como objetivo controlar a temperatura do concreto durante o processo de hidratação do cimento. A reação química libera calor e, em grandes volumes de concreto, como nos blocos de coroamento da ponte, esse calor pode causar fissuras térmicas. Ao manter a temperatura do concreto mais baixa, minimiza-se o risco de fissuras térmicas na estrutura, garantindo a integridade da estrutura.

Uso de aço e concreto

A obra já utilizou mais de 2 mil toneladas de aço e 13.150 metros cúbicos de concreto, 16% do novo Maracanã (que recebeu 80.000 metros cúbicos). A comparação com o aço pode ser feita com a Torre Eiffel, projetada pelo engenheiro Gustave Eiffel e concluída em 1889 para a Exposição Universal de Paris, que tem 7.300 toneladas em sua estrutura. A Ponte Golden Gate, na Baía de São Francisco, nos Estados Unidos, foi construída com cerca de 83.000 toneladas de aço.

Em relação ao concreto, o Burj Khalifa, prédio mais alto do mundo, em Dubai, recebeu 45 mil metros cúbicos de concreto na sua fundação.

Trecho estaiado da ponte

Um dos diferenciais da Ponte de Guaratuba será o trecho estaiado. Diferentemente do restante da estrutura, que utiliza vigas e colunas de concreto e aço pré-fabricadas, o trecho estaiado da ponte é composto por cabos de aço de alta resistência que serão ancorados por torres para ar parte do peso da pista. Ele é necessário para garantir a livre navegação das embarcações que circulam diariamente pela Baía de Guaratuba.

No total, serão 64 estacas de concreto que servirão de base para os 1.244 metros de extensão da ponte. Elas são concretadas no fundo da Baía de Guaratuba. Cada estaca possui de 180 a 220 centímetros de diâmetro e de 20 a 50 metros de comprimento, chegando a pesar 470 toneladas, ou aproximadamente cinco Boeing 737-900ER – um deles pesa 85 toneladas.

Recentemente foi iniciada a execução da chamada aduela de partida, peça fundamental para a construção da superestrutura no trecho estaiado da ponte. A aduela é um elemento estrutural usado na construção de pontes, em especial as construídas pelo método dos balanços sucessivos, como no caso da Ponte de Guaratuba. Ela funciona como uma “peça” da ponte, construída aos poucos, partindo de um ponto central (como um pilar ou apoio), e avançando para ambos os lados, em um sistema de equilíbrio.

Mais de 600 pessoas trabalham na construção

No auge das obras, 634 pessoas estão contratadas nas mais diferentes funções, sendo 457 contratadas pelo Consórcio Nova Ponte e 177 subcontratadas, o que movimenta a economia na região. Entre os profissionais estão engenheiros, profissionais da construção civil, como pedreiros e soldadores, biólogos, marinheiros, oceanógrafos, entre outros.

Foto: DER-PR

Embarcações

Para apoiar o trabalho, que acontece 24 horas por dia, são cinco embarcações que prestam e náutico, o que inclui duas balsas com guindastes executando as fundações e três balsas de apoio para transporte de caminhões betoneiras com concreto e armação para as estruturas. A curiosidade é que no futuro, com a nova ponte, a travessia de ferry boat que hoje leva em torno de 20 minutos a 30 minutos, será feita em 2 minutos.

Monitoramento de 3 mil aves na Ponte de Guaratub

O monitoramento ambiental registrou, até o momento, 3.201 aves de 175 espécies, pertencentes a 19 ordens e 46 famílias. Os destaques são para a fragata, tucano-de-bico-verde, saíra-militar, saíra-sete-cores pula-pula, jacuguaçu, aracuã-escamoso e beija-flor-de-fronte-violeta.

Para as aves limícolas e marinhas, monitoradas nos pontos de fauna aquática, que incluem ambiente praial, na proximidade com o ferry-boat e áreas nas imediações das ilhas na baía de Guaratuba, foram registrados 2.855 de 59 espécies, pertencentes a 26 famílias e 13 ordens. Destacam-se as fragatas, biguás, garças e socós.

Segundo a equipe de monitoramento ambiental, a espécie de ave mais abundante na área monitorada foi a guará, com 584 aves contabilizadas até o momento. 

“O registro é fundamental, uma vez que essa espécie é classificada como quase ameaçada e já sofreu grande redução populacional na região devido à fragmentação dos manguezais, caça e coleta de ovos, sendo considerada extinta no sudeste e sul do país. Seu retorno ao litoral do Paraná e à baía de Guaratuba vem sendo observada na última década e seu registro demonstra uma recuperação gradual das populações”, destaca o coordenador ambiental do Consórcio Supervisor Ponte de Guaratuba, Robson Felipe do Valle.

Botos e cachorros-do-mato

Também foram registrados 2.465 peixes pertencentes a 54 espécies, 24 famílias e 12 ordens. Entre as espécies estão em destaque os bagres, a caratinga, o linguado e a oveva. O monitoramento da fauna é realizado trimestralmente por equipes ambientais.

Em relação aos mamíferos, eles estão divididos em três grupos: aquáticos (golfinhos, baleias), terrestres (gambás, felinos, cuícas) e voadores (morcegos). Ao total, foram registrados 218 animais, distribuídos em 32 espécies, 5 ordens e 8 famílias.

Cachorro-do-mato. Foto: Consórcio Supervisor Ponte de Guaratuba

Foram registrados dois botos-cinza, sendo um adulto e um filhote, dentro do primeiro grupo. Entre os mamíferos terrestres, se destacam os gambás-de-orelha-branca e gambá-de-orelha-preta, cuíca, cachorro-do-mato, quati, lontra, jaguatirica e mão-pelada.

Também foram avistados 173 mamíferos terrestres, distribuídos em 4 ordens e 9 famílias. Já para os voadores, foram contabilizados 45 dentro de duas famílias.

Durante obras sapos raros e tartarugas surgem no litoral

Os répteis e anfíbios também marcam presença no programa ambiental da Ponte de Guaratuba. Foram contabilizados 1.134 animais representados por 2 ordens, 19 famílias, 30 gêneros e 39 espécies.

Foram registrados 46 répteis terrestres, entre 8 famílias, com destaque para o lagarto papa-vento, teiú, cobra-cipó e jararaca. A equipe também registrou 372 anfíbios, distribuídos em 11 famílias, com destaque para as espécies sapinho-pulga, rãnzinha-do-folhio, perereca-marsupial e rã-de-folhiço.

Perereca-araponga. Foto: Consórcio Supervisor Ponte de Guaratuba

Até o momento foram registradas nove tartarugas-verde. O registro e monitoramento da espécie é importante, uma vez que a espécie está classificada como em perigo pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e é uma das espécies prioritárias de monitoramento segundo condicionante da Licença de Instalação da obra.

De acordo com a equipe ambiental, o sapinho-pulga registrado nos monitoramentos é um achado. Ele ocorre nos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, especialmente na serrapilheira em remanescentes de Mata Atlântica e em altitudes de até 1000 metros acima do nível do mar. Esse sapinho pertence ao gênero dos menores sapinhos do mundo. Os machos podem medir até 8mm e as fêmeas até 10mm. Atualmente, a espécie está classificada como quase ameaçada pela IUCN. Logo, o seu registro na região é de extrema importância para conservação.

Vespas, abelhas e borboletas

O trabalho de monitoramento também envolve insetos dividos em duas ordens, Hymenoptera, que é representada pelas vespas, abelhas e formigas, e Lepidoptera, que corresponde às borboletas. Até o momento, foram registrados 458 himenópteros relacionados a 27 famílias, como 120 borboletas distribuídas em 23 espécies. Entre a ordem Hymenoptera, estão as superfamílias Vespoidea, representadas pelas vespas-parasitóides e Platygastroidea, representada por vespas e formigas. Também se destacam as abelhas-das-orquídeas.

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