Personagem de extrema importância para a música, o paranaense Waltel Branco nunca teve sua história reunida e contada de maneira profunda, abordando os diversos detalhes que compam sua trajetória. Para contornar essa situação e apresentar quem foi o instrumentista, arranjador, intérprete e diretor musical, o jornalista Felippe Aníbal escreveu o livro ‘O Maestro Oculto’, que será lançado no dia 29 de novembro no restaurante A caiçara, no Centro Histórico de Curitiba.

Para dar um pequeno resumo sobre Waltel, a Tribuna do Paraná conversou com o autor da biografia. O instrumentista nasceu em 1929, em Paranaguá, no litoral do Paraná, e morreu em 2018, no Rio de Janeiro. Durante a vida, ele contribuiu com vários estilos musicais e fez parcerias com muitos músicos, como João Gilberto, Tom Jobim e Roberto Carlos.

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“É até difícil de mencionar em poucas palavras (a importância do Waltel para a música), mas o que eu costumo dizer é que é possível contar a história da música, da segunda metade do século XX para cá, por meio da história do Waltel. Isso por conta dos movimentos musicais no qual ele esteve inserido. Waltel esteve no epicentro de todos os movimentos que você possa imaginar: bossa nova, black music, samba, jazz fusion, MPB. Ele praticamente transitou por todos esses estilos e o que é mais impressionante é que muitas das vezes ao mesmo tempo”, conta Aníbal.

O jornalista também acrescenta que o paranaense teve uma atuação importante como instrumentista erudito, como violinista, e também na criação de uma linguagem musical voltada para as telenovelas. “Eu diria que a importância do Waltel é plural, porque ele atuou em vários frentes, sempre de forma pioneira, trabalhando em produtos que foram muito emblemáticos em suas respectivas épocas”.

O instrumentista fez arranjos para o tema da ‘A pantera cor-de-rosa’, para novelas, como Irmãos Coragem, Selva de Pedra e Escrava Isaura, além de trabalhos com artistas como João Gilberto e Odair José.

Apesar da extensa contribuição para a música, Waltel nunca ganhou muito destaque. Aníbal acredita que dois principais pilares foram responsáveis por isso. O primeiro é o descrédito que culturalmente a indústria fonográfica dá para alguns profissionais, como maestros e arranjadores, que trabalham nas produções, mas que não são, necessariamente, os grandes astros.

“Tem muitos profissionais importantíssimos que não tiveram o devido crédito ao longo da história. Se você pegar os discos das década de 60, 70, por exemplo, você não sabe quem tocou, porque as gravadoras sequer mencionam na ficha técnica quem havia tocado o que, quem tinha feito o que. Isso, inclusive, foi um dos problemas que a gente encontrou ao longo da pesquisa (do livro)”, afirma Aníbal.

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O outro pilar o autor atribuiu à própria personalidade de Waltel, que parecia não buscar estar nos holofotes. “Me parece que ele estava feliz, realizado tocando, compondo. Ele é uma pessoa que viveu muito para a música, sem se importar muito com o que a música daria em retorno para ele. Basicamente, esses dois pilares ajudam a explicar o porque ele permaneceu oculto”, completa o jornalista.

O Maestro Oculto

Felippe Aníbal começou o projeto de escrever o livro em 2015, momento em que ava por algumas preocupações na carreira e buscava um objetivo para trabalhar paralelamente entre as pautas investigavas. A ideia de escrever um livro sobre o instrumentista surgiu por acaso, depois de um almoço no Centro de Curitiba. Aníbal estava comendo quando Waltel Branco entrou no restaurante. Um homem que estava no balcão começou a falar para todos os clientes do estabelecimento as qualidades e feitos do músico.

“Foi até curioso que as pessoas que estavam no restaurante começaram a reclamar (do homem no balcão) ‘que cara chato, fica fazendo discurso aqui’. E eu ponderei comigo que o cara podia ser chato, mas tinha razão. Eu conhecia superficialmente a história do Waltel, mas não tinha dimensão de tudo o que ele tinha feito como músico, maestro, compositor e naquele mesmo dia fiz uma pesquisa rápida no Google e falei ‘como que ninguém nunca escreveu sobre esse cara"M627.409,331.563L512.604,306.07c-44.69-9.925-79.6-46.024-89.196-92.239L398.754,95.11l-24.652,118.721 c-9.597,46.215-44.506,82.314-89.197,92.239l-114.805,25.493l114.805,25.494c44.691,9.924,79.601,46.024,89.197,92.238 l24.652,118.722l24.653-118.722c9.597-46.214,44.506-82.314,89.196-92.238L627.409,331.563z"/>